segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Período: Quaternário

Quaternário


      ·         Pertence à Era Cenozóica;

·         O Quaternário divide-se em duas épocas: Plistocénico(1,8 M.a – 0,1M.a) e Holocénico(0,1 M.a – actualidade)



O período Quaternário surge para fazer uma diferenciação do período Neogénico. O período do Neogénico subdivide-se em duas épocas, o Miocénico e o Pliocénico, e o período Quaternário subdivide-se em duas épocas, o Plistocénico e o Holocénico.
O Quaternário é marcado pelo aparecimento do Homem e dura cerca de 1,6-1,7 milhões de anos.
Esta divisão acontece pois, entre o Quaternário e o Neogénico, não há diferenciação entre os sedimentos marinhos, mas, há diferenciação entre os sedimentos terrestres.
Na época Plistocénica a Terra já tem praticamente a forma actual. No entanto, durante esta época a Terra passa por períodos de glaciação conhecidos como “Era do Gelo”. Estes períodos de glaciação levaram ao aumento das áreas das calotes polares até ás regiões situadas próximas dos trópicos.
Os períodos de glaciação eram intercalados por períodos com temperaturas mais elevadas.
No Quaternário, a passagem do Plistocénico para o Holocénico é marcado pelo final do último período de glaciação. Nas seguintes imagens é observável o recuo do gelo que aconteceu no período Quaternário





Fig.7- Mapa do planeta Terra no Plistocénico



Fig.8- Mapa do planeta Terra no Holocénico



O inicio do Holocénico, época em que vivemos actualmente é marcado pela extinção dos seres vivos que se adaptaram ás “Eras do Gelo”. O mamute é o exemplo de um animal extinto nesta altura. Relativamente à fauna e flora do Quaternário, era idêntica à que se observa actualmente.



Fig.9- Exemplo de animal extinto no inicio do Holocénico (Mamute).


Do ponto de vista climático, o Quaternário caracterizou-se por importantes acontecimentos que conduziram a uma alternância de fases de arrefecimento (glaciações) com fases de aquecimento relativo do planeta.
Em África, o clima era caracterizado por um período abundante pluviosidade, intercalado com períodos de tipo árido, denominados interpluviais.
A Europa debateu-se com um condicionamento do clima devido ás massas de gelo concentradas na península Escandinava que, cobriam todo o Norte do continente.
Posteriormente, e com novos estudos efectuados concluiu-se que durante as glaciações na Europa ocorreram pequenas oscilações das temperatura que intercalaram as glaciações. Durante o último período de glaciação, essas oscilações levaram a Europa a conhecer um clima idêntico ao actual em algumas zonas.
As oscilações provocaram impactos na evolução geral do planeta. Um desses impactos era a constante subida e descida do nível das águas que levava à movimentação da linha de costa para o interior e consequentemente provocava alterações no contorno terrestre.





Fig.10- Coluna Litostratigráfica.


Webgrafia:

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Métodos da estratigrafia - Dendrocronologia


Em estratigrafia existem vários métodos utilizados para estudos da evolução da Terra. Esses métodos, denominados métodos da estratigrafia, permitem estabelecer correlações entre unidades estratigráficas sendo esta a sua maior aplicação. No entanto, os métodos da estatigrafia também são utilizados para descrever as rochas duma determinada região. Existem 2 tipos de métodos, os físicos e químicos.


       Métodos físicos
·         Diagrafias (resistividade, potencial espontâneo, “gamma ray”)
·         Estratigrafia sísmica
·         Depósitos de varvas
·         Anéis de crescimento de animais marinhos
·         Dendrocronolgia
·         Liquenometria
·         Tefrocronolgia
·         Radiocronologia ou cronologia isotópica
·         Magnetostratigrafia
·         Termolumiscência


Métodos químicos
·         Teor de flúor nos ossos
·         Racemização de aminoácidos
·         Isótopos estáveis (isótopos de oxigénio, carbono e estrôncio)

     
 

Dendrocronologia

A Dendrocronolgia é uma ciência que foi inventada na primeira metade do século XIX por um astrónomo chamado A. E. Douglass. Douglass estudava a influencia da actividade do sol e consequentes radiações solares no clima da Terra, observando os anéis de crescimento das árvores. Este método da estratigrafia baseia-se na analise e interpretação dos padrões de anéis que estão presentes nos troncos das árvores. É considerado um método de datação absoluta pois fornece a idade exacta em que os anéis foram formados. Através desta técnica é possível datar a madeira em varias centenas de anos mas nunca ultrapassando cerca de 10 mil anos.



 As espécies arbóreas são extremamente sensíveis as alterações do meio-ambiente ficando essas alterações “registadas” nos seus anéis, sobretudo visível em zonas de clima temperado. Os anéis de crescimento podem ser vistos cortando horizontalmente um tronco de uma árvore, são geralmente formadas na Primavera ou no Verão, e crescem descontinuamente variando a sua espessura. Cada anel representa um ano de vida de uma árvore e a sua espessura está relacionada com as condições favoráveis ao desenvolvimento da árvore. Quando as árvores tem condições favoráveis ao seu crescimento, humidade adequada, os anéis serão largos. Quando as árvores tem condições desfavoráveis ao seu crescimento, escassez em água (seca), os anéis seram estreitos. Árvores da mesma região geográfica apresentam padrões de anéis semelhantes pois cresceram sob as mesmas condições climáticas.



 A Dendrocronologia tem aplicação essencialmente em dois ramos na arqueologia e na paleoclimatologia. As árvores desenvolvem anéis anuais de diferentes tamanhos consoante, o tempo, a chuva, a temperatura, o PH do solo, nutrição das plantas e concentração de dióxido de carbono. Variações climáticas passadas ficam portanto registadas nos troncos das árvores através de anéis com diferentes tamanhos. Consistencia desta técnica depende dos tipos de árvore e das áreas onde cresceram. Árvores que cresceram em zonas com condições marginais, por exemplo zonas áridas, são mais consistentes do que árvores que cresceram em zonas húmidas. Os anéis de crescimento também nos dão indicações sobre eventos passados associados ao fogo, como incêndios e erupções vulcânicas, presença de água associando o paleoambiente a cursos de água, lagos e alterações do nível do mar e possibilitam a reconstrução de habitats.





 Fig.6- Anéis de crescimento associados a eventos passados


Bibliografia:
"Estratigrafia" - Principios y Métodos ; Juan Antonio Vera Torres ; 1994

Webgrafia:                                                                                    

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Estratótipo Cabo Mondego, Praia Murtinheira.


Estratótipo(GSSP): Sucessão de camadas rochosas bem orientadas e com limites geológicos bem definidos e identificáveis, usados como referência na caracterização de unidades estratigráficas e na comparação de unidades estratigráficas, após, ser aceite pela ICS. Qualquer descoberta ou metodologia de investigação só será validada após comparação com o estratótipo referente a essa Época/Período.

GSSP- Global Boundary Stratotype Section and Point;
ICS- Internacional Commission of Stratigraphy;


 

Existem dois estratótipos portugueses(GSSP) aceites mundialmente pela ICS:
·         Estratótipo da época do Bajociano pertencente ao Jurássico Médio;    
·         Estratótipo da época do Toarciano pertencente ao Jurássico Inferior;


 

Estratótipo Português do limiar Aaleniano-Bajociano aceite pela ICS:
Era: Mesozóica; Período: Jurássico Médio;
Idade do Estratótipo:  cerca de 171,6 M.a.;
O Cabo do Mondego,  Estratótipo do limiar Aaleniano-Bajociano, foi mundialmente aceite e definido como estratótipo pela ICS em 1996. Este estratótipo caracteriza um período de tempo ocorrido entre há 150 M.a. e 180 M.a.. O cabo do Mondego apresenta inúmeras falésias e tem cerca de quarenta metros de altura. A zona da praia da Murtinheira foi escolhida pela ICS para estratótipo pelo conteúdo que as suas falésias apresentam como os fósseis de Amonites e Vegetais, pegadas de dinossauros e pelo seu estado de conservação.


Fig.2- Estratótipo Cabo Mondego, Praia Murtinheira.


Fig.3 – Excerto da tabela dos GSSP da ICS.



Localização do Estratótipo: Cabo do Mondego, Praia Murtinheira. O Cabo Mondego situa-se na costa marítima portuguesa banhada pelo Oceano Atlântico. Localiza-se no extremo Ocidental da Serra da Boa Viagem , a cerca de 3km a Norte da Figueira da Foz e 215 km de Lisboa ,a uma latitude de 40º 11´ 3´´ N e a uma longitude de 08º 54´34´´W.

Litologia e Espessura do Estratótipo: O estratótipo do Cabo do Mondego é constituído por sucessões de Margas e Calcários.  Apresenta uma espessura de cerca de 77,8m compreendida desde a base “Bed AB 11”.


Conteúdo Paleontológico: As camadas rochosas das falésias do estratótipo do limiar Aaleniano-Bajociano apresentam  elementos fossilíferos bem conservados como pegadas de dinossauros, amonites e vegetais. O limite do Aaleniano-Bajociano coincide com as primeiras amostras de Amonites (Hyperlioceras mundum, Hyperlioceras furcatum, Brausina áspera e Braunsina elegantula).



    










Fig.4- Fóssil de amonite                                                                         Fig.5- Pegadas de dinossauro

     

Outros aspectos do Limiar Aaleniano-Bajociano:
·         Rico em informações paleontológicas , sedimentológicas e paleomagnéticas;
·         Condições de observação excepcionais;
·         Contém as pegadas mais antigas de megalossaurídeos (dinossauros bípedes e carnívoros) em Portugal;
·         Local sem perturbações de natureza tectónica, vulcânica ou metamórfica, o que facilita a conservação do estratótipo;
·         Presença de bioturbações e vestígios de carvão;


 

Webgrafia:

domingo, 18 de dezembro de 2011

Johan Gottlob Lehmann


Fig.1- Retrato de Johann Lehmann
Johann Gottlob Lehmann
(1719-1767)



Johann Gottlob Lehmann nasceu a 4 de Agosto de 1919 em Langenhennersdorf na Alemanha. Proveniente duma família humilde ficou conhecido pelos seus trabalhos na área de medicina, química, mineralogia,metalurgia e geologia. No entanto destacou-se pelo seu trabalho sobretudo na área da estratigrafia.


A sua educação foi dada sobretudo por professores particulares que viram em Lehmann um excelente aluno. Em 1735 entrou para a universidade de Fürstenchule, onde teve que abandonar por problemas de saúde.Três anos depois aderiu a Universidade de Leipzig onde permaneceu durante um ano sendo transferido depois para a Wittenberg. Em 1741, formou-se em medicina pela Universidade de Wittenberg.



Lehmann, depois de acabar os seus estudos, foi viver para Dresden onde exerceu a sua profissão. Depressa apercebeu-se que o seu verdadeiro interessa não era pela medicina mas sim pela mineralogia e metalurgia. Começando a perder o interesse pela Medicina, Lehmann fez varias visitas de campo a regiões mineiras por toda a Europa para fortalecer os seus conhecimentos sobre a composição química de alguns minérios e o seu modo de ocorrência. Encorajado por alguns cientistas naturais, em 1750 decidiu-se mudar para Berlim onde se tornou conhecido pelos seus trabalhos escritos sobre mineralogia e química. Em 1761, aceitou um convite para integrar a Imperial Academy of Science em São Petersburgo, onde se tornou professor de química na Universidade local e director da Academia de História Natural. Na Rússia, elaborou relatórios sobre a estrutura geológica de zonas específicas e também de toda a Terra. Decidiu contactar o governo da Rússia propondo a criação de um departamento que controlasse a exploração de recursos na região, fazendo levantamentos cartográficos.


No ramo da geologia deu um importante contributo a estratigrafia sendo considerado um dos pioneiros desta, foi ele o primeiro a utilizar a coluna litóstatigráfica. Lehmann referiu a importância que os estratos geológicos tinham para determinar a história da Terra. Através de uma sua nova elaboração do interior da Terra, lançou uma teoria sobre a propagação de terramotos em que estes eram dependentes da estrutura interna da superfície da Terra e ainda propôs uma nova classificação das rochas baseada na composição química. Relacionou também  os diferentes tipos de terrenos correspondentes a diferentes tipos de rochas. Foi o primeiro a utilizar o termo “strata” (estrato), para descrever a forma como as rochas sedimentares se disponham em camadas.


Numa das suas obras mais famosas, Geschichte von Flötz-Gebürgen (1756), descreveu e comparou estratos de rochas sedimentares com base nas suas observações.
Lehmann criou uma classificação tripla para os estratos dividindo-os em:
1.       Primários, rochas cristalinas, desprovidas de fosseis originadas pela precipitação da água
2.       Secundários, camadas bem visíveis e fossilíferas
3.       Depósitos aluviais, rochas bem consolidadas acompanhadas por rochas vulcânicas.
Lehmann também distinguiu 3 tipos de terrenos montanhosos associados a formações geológicas:
1.       Urgebirge, montanhas mais velhas datadas aquando da criação da Terra constituídas por rochas cristalinas de composição uniforme
2.       Flötzgebirge, terrenos de rocha sedimentar bem estratificada. Estes terrenos localizavam-se nos flancos das montanhas mais velhas, rodeando-as.
3.       Aufgeschwemmtgebirge, terrenos compostos por leitos aluviais mais recentes.




Devido as suas descrições precisas de rochas estratificadas, Lehmann é considerado um dos fundadores da Estratigrafia. Johann Gottlob Lehmann morreu 1967 em São Petersburgo devido a uma explosão acidental no seu laboratório.

Bibliografia:
"Estratigrafia" - Principios y Métodos ; Juan Antonio Vera Torres ; 1994


Webgrafia:

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

LEGostratigrafia

Este blog foi criado no âmbito da disciplina de Estratigrafia e Paleontologia, do 2º ano do curso de Engenharia Geológica da Faculdade de Ciências e Tecnologias - Universidade Nova de Lisboa.
Aqui serão analisados 4 temas leccionados nas aulas e propostos pelo nosso professor da disciplina, Paulo Legoínha.
Espero que gostem!